A noite fora arrastada e July ainda não havia saído da primeira página de seu conto, e o pior o prazo acabava logo ao amanhecer. Andando de um lado para outro, sua única companhia era sua nanica gata branca Sophie, que pela cara parecia estar gostando de ver a dona louca, como de costume.
— Sophie por que não me ajuda a escrever o conto?
— Por que eu não tô afim? — Respondeu à gata.
— Sabe que se eu não conseguir escrever o conto vou ser demitida né?
— E…
— Você fica sem sua ração!
— Você sabe que essa ameaça não funciona mais, né?
— Funcionava quando você era filhote — a gatinha deu de ombros — Vai, me ajuda a ter ideias!
— É… não, eu prefiro ficar aqui deitada e quentinha nesses cobertores.
Claramente a irônica felina era perfeita para a desesperada July. A garota resolveu focar em seu conto, e não há nada pior para um desesperado pelo prazo do que um estalo lançar o apartamento em um breu total.
— É sério isso? — Exclamou a desesperada indignada.
— Hehe — sussurrou a irônica.
July foi até o interfone, mesmo ele, estava sem energia. Sua atenção então retornou à janela de seu apartamento, as ruas da famosa Avenida Paulista totalmente escuras. July olhou para o computador apagado, fechou os olhos e desabou em um canto da casa com seu rosto entre os joelhos.
Mas por pouco tempo…
— Vem Sophie, vamos até o terraço.
— Por quê?
— Vamos religar a força!
— Espera voltar, além disso, tá frio e eu quero ficar aqui.